sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Aventuras.

Muito me espantei quando me vi lá, na porta da igreja matriz, sozinho, esperando o carro chegar para que nos levassem ao retiro espiritual. A proposta surgiu no meio da semana, uma velha amiga queria a minha presença no ciclo de irmãos que fariam a viagem. No sábado, o dia da viagem, a surpresa, eu liguei para seu número, ela não ia mais. Me revesti de toda a coragem que eu não tinha e fui sozinho.

Já bastante arrependindo sentei isolado em um canto a espera do meio de locomação que parecia não querer chegar, uma "irmã" se aproximou de mim e disse:" Murillo, amor, que bom que veio". me espantei, não reconhecia seu rosto, estava timido, não queria desapontá-la e dizer que não a conhecia, mas ela facilitou as coisas para mim:" Não se preocupe, você não me conhece, mas já ouvi falar muito sobre você". Conversamos, a viagem se tornara mais agradável.

Chegando a um pequeno povoado, um local sem muitos atrativos, seco por causa do calor... e sem água. Tinhamos que tirar a água de um poço para fazermos qualquer coisa. Confesso ter achado muito divertido. A primeira atitude que tivemos foi arrumar a casa que estava uma completa zona. O espirito de união e trabalho dominava aqueles treze adolescentes que naquele momento julgavam-se donos de si, afinal de contas não é todos os dias que se permace sozinho, sem os cuidados dos pais, tendo de se virar sozinho.

Dentre todos eles um me chamou mais a atenção, um jovem sério, calado, prestativo, sua ansiedade me inquietava, não parava por um segundo, sempre estava fazendo alguma coisa, e o mais interessante e que ele sabia fazer tudo, mas de tudo mesmo. Montara uma fongueira para ascendermos a noite,e fizera nosso jantar, uma deliciosa macarronada. Ele era bonito, mas nada que prendesse sua atenção por muito tempo, mas o que encantava a mim era a forma que ele gostava de anular a sua presença, passar despercebido. Logo dei um jeito de me aproximar dele, mas percebi que a concorrencia era grande, haviam dez mulheres que pensavam da mesma forma, e claro, as dez com a enorme vantagem de serem mulheres, porque isso facilitava muita coisa.

Depois a maioria se recolheu em suas camas um pequeno grupo permaneceu acordado, claro, o meu "homem multiuso com n ultilidades" estava lá, formara uma foguira menor para que pudessemos ficar ao redor dela, e eu disse: "Só faltou o machimellow". Ele disse: "Serve salsicha". Fui buscá-la. Nós conversamos muito, o grupo todo se identificou, eramos 6 ao todo. Ao longo da madrugada nossas mentes diabolicas comerçaram a trabalhar, acordariamos todos com pastas de dente em seus rostos, era um retiro, os desistentes a resistência contra o sono teriam de ser punidos. No ínicio sujamos a nos mesmos, eu disse: " Vou botar a minha inicial em sua testa". Ele apenas sorriu. Coloquei meu M. Logo depois invadimos o quarto das meninas, a brincadeira não deu muito certo, a coordenadora queria nos expulsar. Mas logo as coisas foram se acalmando, mesmo assim, o clima ainda estava um pouco pesado. Ele e eu fomos para o lado de fora, ele foi tomar banho em uma bica que tinha no quintal. Eu não queria voltar lá, estavam todas com raiva. Eu disse: "Nossa, estão bravos, não quero voltar para lá". Ele disse: "Então fique aqui, não ligo de ser assistido enquanto tomo banho". Sentei no murinho que cercava a bica. Enquanto ele tirava a roua meu coração pulsava mais forte, tentava não olhar para ele, ou olhar somente para seus olhos,mas os meus simplismente não me obedeciam. Enquanto conversavamos eu olhava para o corpo dele, para a pele morena, olhava discretamente, timido, deslumbrado.

Com o passar da horas tudo se resolveu, fomos para a porta de uma igreja, rezamos avé maria, pai nosso, entre outras. Ao retornarmos para a pequena casa as tarefas foram dividas, deveriam fazê-las em silêncio para que podessemos "perceverar em Jesus", palavras da coordenadora. Ao fim da tarefa estava deitado ao lado de uma amiga que fiz por ali mesmo, ela estava com dor nas costas, reclamava e fazia cara de dor, então, eu logo pensei que "o garoto multiuso" saberia fazer uma massagem, fui atrás dele, e ele estava na cozinha preparando um churrasco, perguntei: "Minha colega está com dor nas costas, você sabe fazer massagem"? Ele respondeu que sim com a cabeça e disse: "Faça assim: cruze os braços na altura do peito e... espera". Ele se posicionou atrás de mim, abraçou-me segurando os meus braços e levantou a minha coluna que deu um estralo. A sensação que eu tive foi indescritível, ter o seu corpo abraçado ao meu foi...

Era hora de voltarmos para casa, fiquei triste, estava acostumado a conviver com eles, era divertido, cada um foi para um canto e o meu amor de fim de semana se aproximou, pediu para acomodar-se no meu colo, primeiramente fiquei vermelho e depois disse sim. Aproveitei para mecher em seu cabelo, de forma discreta, acho que nem ele percebeu, nossa aventura terminou com o carro da polícia federal pedindo para que encostassemos o carro cujo documento estava a 4 anos vencido.